O Porto é uma das cidades do meu coração. Vivi lá em 2016, durante a minha tese de mestrado e, por isso, tenho um grande carinho por esta cidade, que já me foi casa. Porém, como acontece quase sempre nestes casos, sinto que apesar de lá ter vivido, não cheguei realmente a conhecer a cidade. Até então, não tinha visitado os monumentos nem explorado o centro histórico do Porto com a lente de viajante, de estrangeiro.
Desta vez, e a convite da Living Tours, tive a oportunidade de mergulhar na cultura portuense e de lhe descobrir os seus encantos. Fiz o “Porto City Tour” e, durante um dia, tive o prazer de conhecer a Cidade Invicta, num passeio que incluiu uma prova de vinhos, passeio de barco e, claro, uma deliciosa francesinha. Neste artigo vou partilhar a minha experiência neste tour pela Centro Histórico do Porto, com a Living Tours.
Estação de S. Bento
Este tour começou na sede da Living Tours, bem no coração do Porto, pelas 9h da manhã. Assim que chegamos, já o nosso guia, o Alfonso, nos esperava. Feitas as apresentações, seguimos para a Estação de S. Bento, que seria a nossa primeira paragem.
Ao contrário de muitas outras, esta não se trata de uma estação ferroviária qualquer. A imponência do edifício e a beleza dos azulejos que adornam as suas paredes, tornaram a Estação de S. Bento num dos principais monumentos da cidade e num ponto de paragem obrigatório para qualquer turista que visite a cidade. Situada na Praça Almeida Garret, bem no centro histórico do Porto, a Estação de S. Bento, foi oficialmente inaugurada no dia 5 de outubro de 1916.
São cerca de 20 000 os azulejos que preenchem o interior das paredes. Foram pintados por Jorge Colaço, que na altura se afirmava como o mais popular azulejador em Portugal. Por entre as pinturas, destacam-se importantes episódios da história portuguesa, como a Batalha de Arcos de Valdevez, a Conquista de Ceuta em 1415, a chegada de D. João I e D. Filipa de Lencastre ao Porto, em 1387, entre outros.
👉 Pode ser visitada todos os dias, entre as 6h30 e a 1h00 da manhã. Entrada gratuita.
Sé do Porto
Após a visita à Estação de S. Bento, atravessamos pelo interior da linha de metro até chegarmos à Sé Catedral do Porto. Esta igreja, construída no século XII, é um dos monumentos mais antigos de Portugal. Foi aqui que D. João I e F. Filipa de Lencastre se casaram, no dia 14 de fevereiro de 1387. Este foi um momento de grande alegria para os portuenses, pois não era normal a família real casar no Porto. Normalmente, estes celebravam o matrimónio em Lisboa ou em Coimbra.
Mesmo em frente à igreja está também um Pelourinho e uma varanda que oferece uma paisagem emblemática sobre a cidade do Porto e ainda sobre as famosas caves do vinho do Porto.
👉 É possível visitar a Igreja, o Museu e os Claustros, entre as 9h e as 18h30. A entrada tem um custo de 3,00€.
Curiosidade: Sabias que o Santo Padroeiro do Porto não é o S. João? Na verdade, este lugar pertence à Nossa Senhora da Vandoma. Por este motivo é que esta igrejaé também apelidada de Igreja da Nossa Senhora da Vandoma.
Passeio pelo Centro Histórico do Porto
O tour prosseguiu com um passeio pelo Centro Histórico do Porto, num dos autocarros da Living Tours. Depois da Sé Catedral, subimos a Avenida dos Aliados e fizemos uma curta paragem para tirar fotografias. Seguimos então rumo à famosa Rua Santa Catarina, onde fica o Café Majestic, um dos lugares mais notáveis da cidade, onde convergiram tertúlias políticas e debates entre artistas e escritores da “Bélle Époque”. Seguiu-se o tão inigualável Mercado do Bolhão, seguido dos Jardins da Cordoaria, onde apreciamos a estátua de Camilo Castelo Branco. Houve ainda espaço para uma passagem pela Torre dos Clérigos, Livraria Lello e Praça dos Leões, com destaque para a Igreja do Carmo e Igreja das Carmelitas.
Curiosidade: Entre a Igreja do Carmo e a Igreja das Carmelitas está o edifício mais estreito da cidade do Porto. Foi habitado até aos anos de 1980. Foi nesta estreita casa que aconteceram reuniões secretas durante as Invasões Francesas, Guerras Liberais e o Cerco do Porto.
Real Companhia Velha
Já na outra margem do Douro, prosseguimos até à sede da Real Companhia Velha, para uma visita guiada às caves do vinho do Porto.
Começamos com uma pequena sessão, onde o nosso guia nos contou um pouco sobre a história daquele local. A Real Companhia Velha foi criada por Marquês de Pombal no século XVIII, detinha toda a produção, distribuição e exportação do vinho do Porto, em toda a região do Douro. Na verdade, foi Marquês de Pombal que introduziu o conceito de Região Demarcada, com os famosos marcos pombalinos. Esta necessidade surgiu devido à grande procura pelo vinho do Porto por parte do comércio britânico. Com receio de que estes tentassem reproduzir o mesmo vinho, Marquês de Pombal criou a Região Demarcada do Douro garantindo, assim, que todo o vinho do Porto produzido no mundo provinha desta região em particular.
Atualmente, quase todas as empresas que produzem vinho do Porto foram compradas por britânicos. A Real Companhia Velha é uma das poucas que ainda pertence a uma família portuguesa.
Uma visita às caves do vinho do Porto não fica concluída sem, claro, uma prova de vinhos. No final do passeio, tivemos ainda a oportunidade de provar dois vinhos diferentes, produzidos pela Real Companhia Velha.
👉 É possível visitar a Real Companhia Velha entre as 9h e as 18h. Existem vários tipos de visitas guiadas, com diferentes preços e tempo de duração. Deixo-te aqui o link onde as podes consultar.
Um almoço verdadeiramente portuense
O dia já ia longo e o corpo já pedia descanso, quando fizemos uma paragem para almoçar. Estando na cidade invicta, o repasto tinha de incluir a bela francesinha portuense.
Para quem não sabe, a francesinha é uma das especialidades da cidade do Porto. Foi inventada nos anos 50, por um português que esteve emigrado em França. Inspirado na sandes francesa “croque monsieur”, este conterrâneo criou uma adaptação ajustada ao paladar e à cultura portuguesa. O prato ficou tão famoso que acabou por se tornar numa das principais iguarias da cultura portuense. Atualmente, há dezenas de restaurantes que competem entre si pelo melhor molho, bem como várias competições para o título de “Melhor Francesinha”.
Uma visita ao Porto tem de incluir uma francesinha. Neste tour almoçamos no Restaurante Verso em Pedra, mas há muitos outros. O Restaurante Brasão é considerado um dos melhores da cidade, no que toca à francesinha.
Passeio de barco – Cruzeiro das 6 Pontes
A tarde presenteou-nos com um refrescante Cruzeiro no Douro. Fizemos o Cruzeiro das 6 Pontes que, tal como o nome indica, atravessa as seis pontes que ligam a cidade do Porto a Vila Nova de Gaia. São elas a Ponte da Arrábida, a Ponte Luís I (a mais conhecida), Ponte Infante D. Henrique, Ponte Maria Pia, Ponte São João e, por fim, a Ponte do Freixo. A viagem, feita num típico barco rabelo, fez-se tranquilamente pelas águas do Douro, ao longo de pouco mais de uma hora. Ao longo do percurso, há uma breve explicação sobre cada uma das Pontes.
Aqui ficam algumas curiosidades que achei interessantes:
- A cidade do Porto, e por consequência Vila Nova de Gaia, são as únicas cidades da europa com 6 pontes;
- A Ponte da Arrábida é a ponte mais próxima do Oceano Atlântico;
- A Ponte Infante D. Henrique é a ponte em arco mais longa do mundo com apenas um tabuleiro superior;
- A Ponte Maria Pia foi projetada por Gustave Eiffel, enquanto que a Ponte Luís I foi desenhada por Seyrig, um dos discípulos de Eiffel.
- A Ponte S. João tem o seu nome em homenagem ao santo da cidade;
- A Ponte Luís I encerra em si uma lenda insólita – a Ponte foi construída em homenagem a D. Luís I e, por isso, dever-se-ia chamar “Ponte D. Luís I”. Mas, segundo se conta, o rei decidiu não aparecer no dia de inauguração da Ponte. A população portuense ficou tão descontente com tal atitude, que decidiu tirar o “Dom” ao nome da ponte, ficando apenas “Ponte Luís I”.
Passeio pela Foz do Porto
Após a viagem de barco, deslocamo-nos novamente para o autocarro, para fazer uma viagem pela marginal do Douro, em direção à zona da Foz, onde foi possível observar algumas das caves do vinho do Porto, bem como a famosa zona da Afurada.
Já na Foz do Douro, tivemos ainda a oportunidade de fazer um passeio pedonal, junto à costa. Por aqui estão algumas das praias mais conhecidas da cidade do Porto. O passeio terminou junto ao Castelo do Queijo, que deve o seu nome ao facto de ter sido construído sobre uma rocha granítica com a forma de queijo.
No final, regressámos ao autocarro, que nos levou pela Avenida da Boavista, até à sede da Living Tours, onde havíamos iniciado o tour de manhã.
A minha experiência com a Living Tours
Esta foi a primeira vez que fiz uma excursão em Portugal. Já fiz dezenas de tours, em todos os países que visitei, mas nunca em Portugal – o que é um erro. Podemos julgar que “conhecemos muito bem o nosso país”, mas não é bem assim. E esta experiência veio demonstrar precisamente isso – acabei por descobrir imensas particularidades e curiosidades sobre a cidade do Porto, que de outra forma não iria saber. Toda a experiência com a Living Tours foi fantástica – desde a qualidade dos guias, às condições do serviço prestado, e à forma como todo o tour estava organizado. Só posso, por isso, recomendar a Living Tour como opção de escolha para um tour completo pela cidade Invicta. Além deste, há muitos outros tours, podem consultar no site a sua oferta diversa, tanto em Portugal, como em Espanha.
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