Durante a nossa escapadinha pelo centro de Portugal, tiramos um dia para visitar a icónica península de Peniche. Esta bela cidade, pertencente ao distrito de Leiria, fica na região Oeste do nosso país, bem junto da, cada vez mais procurada, ilha da Berlenga.
Esta não foi a minha primeira vez em Peniche e, por isso, não fizemos o roteiro habitual pelos principais lugares da cidade. Como o dia estava meio encoberto, decidimos fazer um trilho à volta da península, atravessando as falésias e escarpas calcárias que tão bem caracterizam esta região. Devo dizer que a caminhada me surpreendeu muito, pela positiva – não fazia ideia que ia encontrar tantos recantos maravilhosos e miradouros únicos, que não saltam à vista a quem opta por fazer a travessia de carro.
Assim, se tiveres tempo e disponibilidade, recomendo fazer este percurso numa próxima visita a Peniche. Apesar de o trilho não estar marcado, o caminho é bastante percetível e intuitivo, já que basta seguir pelo único caminho existente.
Informações Práticas sobre o Trilho em Peniche
Trilho Circular – Sim
Ponto de início e de fim – Ponta do Trovão
Distância – 7 km
Tempo aproximado – Entre 2h30 a 3h00
Grau de Dificuldade – Fácil
Ponta do Trovão e início do trilho
Sugiro começar o percurso na Ponta do Trovão, que fica no norte da península. Chegando pela Estrada Marginal Norte, vais encontrar um parque de estacionamento do lado esquerdo, onde poderás deixar o carro.
A partir daqui, podes começar por explorar a Ponta do Trovão, um importante lugar geomorfológico do nosso país. Se observares o solo com atenção, vais encontrar várias marcas de fósseis, por entre as quais, as famosas amonites. Estas rochas remontam aos primórdios do Período Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos, tendo sido classificadas como Global Boundary Stratotype Section and Point (GSSP) do Toarciano (Jurássico Inferior).
Ainda nesta zona, podes apreciar as falésias calcárias, capazes de oferecer fotografias estupendas, bem como a Praia do Abalo, que está quase sempre deserta.
Miradouro da Cruz dos Remédios
Seguindo pelo trilho, vais atravessar as lapiás que ficam junto ao Caminho de Frei Rodrigo. A forma inusitada destas rochas deve-se aos vários ciclos de congelamento e degelo que sofreram no passado. Um pouco mais à frente, vais encontrar o Miradouro dos Remédios, de onde terás uma vista privilegiada sobre o Oceano Atlântico. Ainda assim, conseguirás uma melhor paisagem no que se segue, o Miradouro da Cruz dos Remédios. Nesta zona vais encontrar mesmo uma cruz, pelo que não há como enganar. Deste ponto, já conseguirás vislumbrar a bela ilha da Berlenga. Aqui está também a Capela da Nossa Senhora dos Remédios, classificada como imóvel de interesse público desde 1996. A sua particularidade está nos azulejos azuis e brancos, onde é contada a história de vida de Nossa Senhora. As festas em sua honra realizam-se, anualmente, no mês de outubro.
Varanda de Pilatos
Continuando pelo trilho, poderás avistar o tão famoso Cabo Carvoeiro, mas antes de lá chegar, há um outro sítio icónico onde deves fazer uma paragem. É a Varanda de Pilatos, uma construção geomorfológica que oferece um contexto espetacular para tirar fotografias. Este ponto pode passar despercebido aos mais desatentos, portanto procura-o com atenção. Uma placa indicativa, levar-te-á a um ponto onde encontrarás umas escadas de ferro, para descer. Após a descida, chegarás então à Varanda de Pilatos.
Farol do Cabo Carvoeiro e Cabo Carvoeiro
Logo à frente tens o imponente Farol do Cabo Carvoeiro, com 27 metros de altura, situado a 57 metro acima do nível do mar. A sua luz tem um alcance de cerca de 15 milhas náuticas, o que corresponde a aproximadamente a 28 quilómetros. Foi inaugurado em 1790, o que o torna num dos faróis mais antigos da costa portuguesa.
Mesmo em frente ao Farol tens o cabo com o mesmo nome, o Cabo Carvoeiro. Situado no extremo oeste da península de Peniche, é o cabo mais ocidental da costa continental de Portugal, logo a seguir ao Cabo da Roca. Mesmo ao lado do Cabo Carvoeiro, tens a Nau dos Corvos, um dos ex-libris de Peniche. Trata-se de um rochedo com uma forma idêntica à de uma nau. Sobre ela, é possível observar corvos-marinhos-de-crista, geralmente a secar as suas asas. Nesta zona tens um restaurante com o mesmo nome, o Restaurante Nau dos Corvos, onde poderás fazer uma paragem para almoçar.
Furna que Sopra e Gruta da Furninha
A partir do Cabo Carvoeiro, entras na reta final do trilho e na margem sul da península de Peniche. Os pontos de paragem por aqui são a Furna que Sopra e a Gruta da Furninha, dois locais onde poderás admirar as falésias que protegem a península. Foi aqui que se encontraram vestígios de ocupação humana, da época pré-histórica, o que trouxe um maior reconhecimento ao local. O caminho segue pelos Passos D. Leonor e pelo Carreiro da Furninha, até chegar à Praia do Carreiro de Joanes. Estavamos à espera de encontrar um spot perfeito para fazer um piquenique, mas tal não aconteceu. Apesar de a praia ser pequena e estar praticamente deserta, as rochas não permitem que a água do mar chegue à costa, o que impossibilita uma ida a banhos.
Praia do Portinho da Areia Sul
Seguimos pelo caminho, passando pelo Carreiro do Inferno e pela Tromba, construções geológicas de reconhecimento, até chegarmos à Praia do Portinho da Areia Sul. Esta sim, uma praia como deve de ser. Acabamos por ficar aqui um bom tempo, aproveitamos para fazer um piquenique e ainda fomos a banhos. A praia, apesar de ser pequena, é muito bonita e agradável, e não parece ser das mais concorridas.
O fim do trilho e a cidade de Peniche
A caminhada pelas falésias e escarpas da costa de Peniche termina praticamente na Praia do Portinho da Areia Sul. A partir daqui, estamos praticamente no centro da cidade de Peniche. Para retornar à Ponta do Trovão, onde começamos o trilho, há duas hipóteses – fazer o percurso a pé, que levará uns 25 minutos; ou apanhar um táxi no centro da cidade para lá, no caso de já estar muito cansado. Nós acabamos por descansar um pouco numa esplanada do centro, antes de caminhar de volta até ao início do trilho.
Centro histórico de Peniche
Infelizmente, não tivemos tempo para explorar o centro histórico de Peniche. Estávamos hospedados na Foz do Arelho e só fomos lá passar o dia. Ainda assim, sugiro-te reservar algum tempo para explorar a zona centro da cidade. Por entre as várias atrações, destacam-se a Marina de Peniche, de onde partem os barcos para a ilha da Berlenga, a Igreja de S. Pedro, cuja torre acabou por nunca ser construída e a Igreja da Misericórdia de Peniche. A Fortaleza de Peniche e o Museu Nacional da Resistência e Liberdade merecem, também, uma visita.
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