Uma das maiores fatias de qualquer orçamento de viagens corresponde ao dinheiro despendido para comprar as passagens aéreas. De facto, há vários destinos muito baratos em relação a Portugal, onde é possível fazer uma grande viagem com pouco dinheiro. Porém, estes destinos estão, normalmente, fora da Europa, para onde o preço das viagens de avião são bastante caros. Ainda assim, há várias dicas/sugestões que podemos ter em conta na hora de comprar bilhetes de avião, que podem ser uma mais valia e diminuir o preço da viagem numas boas centenas de euros. Neste post apresento-vos uma série de dicas que fui aprendendo ao longo do tempo e que ponho em prática sempre que compro uma viagem.
1. Comparar sempre os preços da viagem entre o site da companhia aérea e o comparador de preços.
Hoje em dia toda a gente usa comparadores de voos, como a Momondo, Skyscanner ou Kayak para procurar passagens aéreas. De facto, estas plataformas oferecem a vantagem de apresentar os preços de uma determinada viagem para quase todas as companhias aéreas mundiais, o que nos permite comparar preços. Quando pesquisamos um determinado voo por uma destas plataformas, devemos sempre, de seguida, confirmar se o preço é o mesmo no site da companhia aérea correspondente. Porquê? Por que nem sempre é a companhia aérea a vender determinado bilhete.
Vejamos o seguinte exemplo: fiz uma simulação de um voo de ida e volta do Porto para Nova Iorque, de 12 de Setembro a 26 de Setembro de 2018. A Momondo oferece, como opção mais barata, um voo da American Airlines por 372 € (figura 1).
De seguida, fui ao site da American Airlines procurar pelo mesmo voo (mesma data e mesmo horário). A companhia aérea oferece a mesma viagem por 830,12 € (figura 2).
Uma diferença de 458,12 €. Se repararmos, no site da Momondo, em cima o preço do avião aparece “BudgetAir” (figura 3). Ora isto significa que quem está a vender este bilhete de avião não é a companhia aérea American Airlines, mas sim uma outra empresa, a BudgetAir. O que acontece é que a BudgetAir comprou estes bilhetes à American Airlines com alguma antecedência, provavelmente quando o preço estava mais baixo, e está agora a vendê-lo por um preço muito mais acessível em relação ao preço da companhia.
Neste caso, compensa muito mais comprar o bilhete à BudgetAir. Como esta, há muitas outras empresas que compram bilhetes às companhias e depois os colocam à venda, como a Rumbo, MyTrip, GeoStar, etc. Muitas pessoas não são a favor de comprar bilhetes a partir de outras empresas. Porém, eu acho que é uma mais valia. Acho que os problemas que poderemos vir a ter são os mesmo que também poderemos ter se comprarmos diretamente à companhia aérea. É de aproveitar 🙂
2. Criar sempre alertas nos motores de busca.
Quando estamos à procura de uma determinada viagem, para uma determinada data, normalmente pesquisamos várias vezes o mesmo voo na expectativa que o preço baixe. Uma boa opção é criar alertas nos motores de busca. Na procura por voos existe uma opção, tanto no Momondo como no Skyscanner em que podemos criar um alerta (figura 4).
Desta forma, sempre que o preço daquela viagem variar, ainda que por 1 €, recebemos um e-mail a dar conta da variação de preço. Assim, poderemos ter uma ideia de se o preço está continuamente a aumentar, ou não, de forma a escolhermos a melhor oportunidade de o comprar.
3. Limpar sempre os dados de navegação.
Mais uma vez, quando queremos comprar um bilhete de avião, temos tendência a procurar várias vezes pelo mesmo voo. Acontece que sites como o Momondo, o Skyscanner e mesmo os sites das companhias aéreas sabem, através das cookies de navegação, que estamos interessados em comprar determinado voo. Por conseguinte, cada vez que pesquisamos por esse voo, o seu preço aumenta. Porém, se pesquisarmos a partir de outro computador facilmente percebemos que o preço se manteve igual. Para evitar isto devemos sempre limpar os dados de navegação, para que o preço que nos aparece seja o mesmo que aparece a alguém que está a pesquisar essa viagem pela primeira vez (figura 6).
4. Ter em conta aeroportos próximos ao pretendido que podem ser mais concorridos e por isso oferecer voos mais baratos.
Um voo para ser barato tem de ter um grande nicho de clientes a querer comprar aquela viagem regularmente. Por isso é que encontramos mais facilmente voos baratos do Porto para Paris, do que do Porto para Praga. Há um maior fluxo de pessoas a viajar para Paris do que para Praga, desde o Porto. E é isso que torna possível existirem voos tão baratos. Por isso, quando estamos interessados num determinado destino cujo preço de avião seja relativamente caro, convém pesquisar por cidades próximas que sejam, a nível de tráfego aéreo, mais competitivas. Um exemplo prático, estamos interessados em voar para Verona. Porém, os voos para Verona são caros e nem sequer são diretos. Uma boa opção é voar para Milão e ir de Milão para Verona de autocarro ou comboio. É 1h30 de viagem que custa à volta de 15 €. Compensa, tendo em conta que Porto – Milão custa +/- 40 €, enquanto que Porto – Verona chega facilmente aos 120/150 €. O mesmo acontece para Liubliana, é muito mais económico voar para Milão e então chegar a Liubliana.
5. Aproveitar as promoções e os erros das companhias aéreas.
Um ótimo truque para conseguir arranjar voos baratos é estarmos atentos aos erros das companhias aéreas pois muitas vezes estas enganam-se a colocar os preços. Por exemplo, um erro de uma vírgula num voo que custa 500,00 €, pode passar a custar 50,000 €. Se comprarem o voo por este preço a companhia aérea é obrigada a assumir o erro e a vendê-lo por esse valor. Há algumas páginas de Facebook que estão atentas a estas falhas e que estão constantemente a reportar os erros. Algumas delas são a Error Fares, Travel Free, Holiday Piraes, Flight Deals, Flynous, Fare Deal Alert, Viagens Baratas. Estas páginas, além de reportarem estes erros, dão também a conhecer as promoções das companhias, desde last minute flights, flash sales, entre outros. A desvantagem é que os voos promocionais normalmente têm várias escalas e as datas nem sempre são as que pretendemos. É preciso ter flexibilidade de tempo.
6. Fazer um open-jaw.
Fazer um open-jaw é, basicamente, comprar um bilhete de ida do aeroporto A para o B e o bilhete de volta de um aeroporto C para o aeroporto A. Se estivermos a fazer uma viagem com várias paragens não precisamos de voltar ao aeroporto de origem para vir embora, o que, em alguns casos, permite poupar algum dinheiro. Um exemplo, estamos interessamos em fazer uma viagem pelos Estados Unidos, podemos voar para Nova Iorque e voltar desde Califórnia. Desta forma não precisamos de voar de Nova Iorque para Califórnia para vir embora. O preço de um bilhete open-jaw corresponde à média aritmética entre o preço de um bilhete do aeroporto A-B e o preço de um bilhete do aeroporto C-A. Para comprar estes bilhetes temos de colocar na pesquisa a opção “várias cidades” (figura 7). Atenção que fazer um open-jaw é diferente de comprar os dois bilhetes de avião separadamente. Neste caso, trata-se apenas de uma única reserva.
7. Em viagens para mais do que uma pessoa comparar o preço das reservas individuais face à reserva conjunta.
Esta dica nem sempre é válida, mas em alguns casos pode ser útil. Imaginem que uma determinada companhia aérea tem, para uma determinada viagem, 1 bilhete a 100 € e 5 bilhetes a 150 €. Se fizerem a pesquisa para duas pessoas o preço que surgirá será de 300 € porque a companhia aérea vai assumir 2 bilhetes de 150 € cada um. Por este motivo pode ser vantajoso pesquisar pelas viagens em separado, e caso compense, comprar os dois bilhetes em duas reservas diferentes.
8. Fazer um stop-over.
Um stop-over é uma excelente oportunidade para conhecer dois destinos pelo preço de um. Um stop-over não é, nada mais nada menos, do que prolongar o tempo de uma determinada escala, de modo a poder incluir mais uma paragem na nossa viagem. Suponham que têm uma viagem Porto-Banguecoque pela Turkish Airlines, com uma escala de 17h em Istambul. Podem prolongar essa escala por 2 ou 3 dias e assim poder incluir mais um destino na vossa viagem sem qualquer custo extra. E podem também fazê-lo no voo de regresso. Mas como é que isto do stop-over funciona? Bem, primeiro, nem todas as companhias aéreas permitem fazer esta paragem, mas atualmente a grande maioria já aderiu a este conceito. Segundo, o stop-over é sempre realizado na cidade/país onde a companhia aérea tem hubs, ou seja, onde está sediada. A Turkish Airlines permite fazer stop-over em Istambul, a TAP em Lisboa, a FinnAir em Helsínquia, a Eithad em Abu Dhabi, a Singapore Airlines em Singapura, e por aí fora. Terceiro, só é possível fazer um stop-over se o preço da viagem com extensão de escala for igual ou superior ao preço da viagem original. Como é óbvio a companhia aérea nunca vai querer perder dinheiro. Quarto, normalmente há um prazo máximo para a extensão da escala. A Emirates permite fazer stop-over no Dubai por um prazo máximo de 96h, a IcelandAir permite 7 noites em Reykjavik. Já a Hawaiian Airlines permite fazer um stop-over ilimitado em Honolulu, ou seja, podem ficar lá 1 mês se quiserem. E podem fazer também um stop-over no voo de volta, três destinos pelo preço de um!
9. Comprar um bilhete Round The World.
Esta dica é para aqueles que têm o sonho de um dia dar a volta ao mundo, mas, só de pensar no dinheiro que vão gastar, ficam com a cabeça em água 😊. Um bilhete Round The World é um género de passe interrail mas de aviões. Vocês compram um bilhete que inclui, por exemplo, 9 viagens de avião, que vão usar para dar uma volta ao mundo. O preço de um bilhete destes varia e depende de quantas viagens vão querer incluir neste bilhete, há várias ofertas disponíveis. Os mais baratos devem rondar os 1800, 2000 €. Embora isto pareça um número exorbitante é preciso ter em atenção que, numa volta ao mundo, vão apanhar vários voos internacionais, onde cada um pode custar à vontade 600/700 €. Claro que isto só compensa se forem mesmo dar uma volta ao mundo e se realmente precisarem de fazer muitos voos internacionais.
10. Comprar dois pares de bilhetes de ida e volta e usar, numa viagem os dois bilhetes de ida, e na viagem seguinte usar os dois bilhetes de volta.
Esta técnica serve, fundamentalmente, para todas aquelas pessoas que fazem regularmente a mesma viagem de avião. Pessoas que viajam mensalmente Porto-Lisboa, Porto-Faro, e até mesmo pessoas que estão a morar fora do país, e usualmente vêm a Portugal em datas mais ou menos fixas. O objetivo é comprar dois bilhetes de ida e volta (4 bilhetes) e usar, numa primeira viagem os dois bilhetes de ida, e, numa segunda viagem, os dois bilhetes de volta. É um pouco confuso de perceber por isso vou passar para um exemplo prático:
1º bilhete de ida e volta:
1) Paris – Porto – 01/08/2018
2) Porto – Paris – 03/01/2019
2º bilhete de ida e volta:
3) Porto – Paris – 29/08/2018
4) Paris – Porto – 20/12/2018
Basicamente na viagem de Agosto utilizam o bilhete 1) e o 3) e na viagem de Dezembro usam o bilhete 2) e 4). Comprando os bilhetes desta forma conseguem poupar algumas centenas de euros, visto que os voos para o mês de Agosto e de Dezembro são exponencialmente mais caros. Porém, como estamos a comprar voos de ida e volta com um distanciamento de alguns meses, conseguimos preços muito mais baixos. Muito importante, isto só é possível fazer com voos low-cost. Em voos internacionais não podemos fazê-lo pois, se não realizarmos a viagem de ida, não podemos fazer a viagem de volta respetiva.
E pronto, aqui ficam algumas sugestões para poderem economizar na compra de bilhetes de avião. Se tiverem mais algum truque, partilhem 🙂
Excelentes dicas! Obrigada!
Muito obrigada e boas viagens