Malaca é uma das cidades mais visitadas da Malásia. Foi considerada Património Mundial da UNESCO em 2008, devido à sua arquitetura e cultura bem preservadas. A cidade foi colónia portuguesa (1511-641), holandesa (1641-1824), britânica (1824-1957) e japonesa (1942-1945). Todas estas presenças deixaram uma rica herança cultural e histórica que se denota na arquitetura, na língua e até na gastronomia. Devido à sua proximidade com a capital Kuala Lumpur, a cidade de Malaca é habitualmente incluída nos roteiros para visitar a Malásia. E eu só posso concordar – depois de ter passado dois dias na cidade acho que vale a pena visitar Malaca. É uma cidade pequena e catita que se visita muito facilmente.
E por isso, ao longo deste artigo vou partilhar contigo as minhas dicas e sugestões para visitar Malaca.
Vamos lá?
Como visitar Malaca desde Kuala Lumpur
A cidade de Malaca situa-se a cerca de 150 km a sul de Kuala Lumpur e 240 km de Singapura. A curta distância entre estas duas cidades faz com que Malaca seja um ponto de paragem entre os viajantes que se deslocam entre Kuala Lumpur e Singapura. No entanto, é também possível fazer uma viagem de ida e volta desde Kuala Lumpur (sem ter de incluir Singapura na equação) para visitar Malaca.
Essencialmente existem duas formas de chegar a Malaca desde Kuala Lumpur:
De autocarro:
A forma mais barata é, sem dúvida, de autocarro. A viagem demora cerca de 2 horas (apesar de no bilhete indicar sempre 3h). Os autocarros partem da Estação TBS de Kuala Lumpur e chegam à Estação Melaka Sentral. Há autocarros a sair a todas as horas para visitar Malaca. No entanto, recomendo-te a reservar o bilhete com alguma antecedência. Quando fui para a estação de Kuala Lumpur, a maior parte dos autocarros para aquele dia já estavam cheios (por sorte tinha comprado uns dias antes). Podes comprar o teu bilhete diretamente aqui:
Para ir do centro de Kuala Lumpur até à Estação TBS, recomendo que uses o Grab. A viagem demora cerca de 15 a 30 minutos (dependendo do trânsito) e custa aproximadamente 3€. Recomendo também que chegues à estação com uma hora de antecedência, uma vez que tens de apresentar este voucher na bilheteira, para que possam então imprimir-te o bilhete oficial.
Caso pretendas fazer a viagem no sentido contrário, de Singapura para Malaca, podes reservar o teu bilhete de autocarro aqui:
Num tour organizado, com ida e volta de Kuala Lumpur:
Se tiveres o tempo contado e não quiseres correr riscos, podes sempre optar por contratar um tour organizado para visitar Malaca. Existem imensas opções disponíveis para ir e voltar de Kuala Lumpur no mesmo dia.
A vantagem desta opção é que, além de poupares tempo, tens alguém que te vai buscar e levar ao teu hotel em Kuala Lumpur, fazes a viagem num meio de transporte mais confortável e tens ainda uma guia local para te acompanhar durante o dia. Vou deixar-te aqui duas opções de tours:
- Tour partilhado para visitar Malaca desde Kuala Lumpur – é a opção mais em conta. Custa cerca de 37€ e inclui a viagem de ida e volta, mais almoço, mais o guia. É um tour partilhado, ou seja, é possível que levam mais turistas.
- Tour privado para visitar Malaca desde Kuala Lumpur – neste caso o itinerário é similar, mas trata-se de um tour privado. Como tal, o preço é mais elevado, e fica por cerca de 89€ por pessoa.
Quantos dias são necessários para visitar Malaca
A cidade de Malaca não é propriamente grande e o centro histórico é facilmente acessível a pé. Um dia é o suficiente para visitar Malaca e explorar as principais atrações da cidade. No entanto, Malaca é uma cidade muito quente, por isso o ideal é começar a explorá-la pela manhã bem cedo.
Aquilo que recomendo é que apanhes o autocarro de Kuala Lumpur para Malaca no final do dia, de modo a chegar a Malaca por volta das 19h. Assim terás tempo para explorar o night market da Jonker Street (se fores durante o fim de semana) e ter uma perspetiva da cidade durante a noite. No dia seguinte podes começar a visita à cidade pela manhã e regressar a Kuala Lumpur durante a parte da tarde. É uma forma de evitar as horas de maior calor e ainda assim conseguir usufruir do lado noturno da cidade.
Se vais visitar Malaca, não te esqueças de fazer um Seguro de Viagem. Eu faço todos os meus seguros com a IATI e recomendo vivamente os seus serviços. Caso faças o teu seguro de viagem através deste link, poderás usufruir de um desconto de 5%.
O que visitar em Malaca
Harmony Street, Templo Cheng Hoon Teng e Mesquita Kampung Kling
A Malásia é um dos países mais multiculturais do Sudeste Asiático, já que a sua população se divide essencialmente entre malaios, chineses e indianos. Como tal, a diversidade religiosa está muito presente no país. A Harmony Street é um local obrigatório para quem quiser visitar Malaca. Aqui poderás vislumbrar esta mesma diversidade, já que aqui existem diferentes templos religiosos.
O Templo Cheng Hoon Teng é um destes exemplos. Foi construído em 1673, pelo primeiro assentamento chinês na região. É o templo chinês mais antigo do país, que ainda continua em funcionamento. É dedicado a Kwan Yin, deusa da misericórdia, uma divindade transversal às três religiões – confucionismo, taoísmo e budismo chinês. As pinturas no interior do templo relatam a história dos chineses em Malaca.
Uns metros mais à frente, vais encontrar a Mesquita Kampung Kling. Contruída em 1748, possui uma arquitetura peculiar, que reflete as diversas influências que a cidade sofreu. Destaca-se desde já o seu minarete, que se assemelha à forma de um pagoda. Outras características particulares incluem a presença de azulejos, possivelmente deixados pela herança portuguesa, e um púlpito de madeira construído em estilo hindu.
The Well – Arte de rua na cidade de Malaca
Não existe cidade da Malásia que não tenha pelo menos uma parede dedicada à street art. E visitar Malaca dá-te mais uma oportunidade de conhecer estes murais, nomeadamente na conhecida rua The Well.
As suas pinturas retratam a essência cultural e histórica da cidade, com referência para pequenos momentos da vida quotidiana que refletem a herança multicultural da cidade. Um pouco mais à frente tens também a Orangutang House, uma loja com souvenirs e um enorme mural pintado.
Jonker Street
Esta é uma das ruas a não perder para quem quiser visitar Malaca. Originalmente era o bairro onde os nobres holandeses viviam durante a época colonial. Atualmente, é o centro cultural e comercial da comunidade Peranakan, também conhecida como Baba-Nyonya, que resulta dos descendentes chineses que acabaram por desenvolver uma cultura muito própria e que envolve aspetos da cultura chinesa e malaia.
A Jonker Street é também famosa pelo seu mercado noturno que acontece todos os fins de semana (sexta-feira, sábado e domingo). A rua é fechada ao trânsito e erguem-se dezenas de bancas de street food com iguarias típicas da comunidade Peranakan. Recomendo que experimentes o chicken rice ball, o cendol ou o durian puf (se tiveres coragem!)
Fazer um cruzeiro no rio Malaca
Outra experiência que podes ter quando visitares Malaca é fazer um cruzeiro no rio Malaca. Existem passeios durante todo o dia, desde as 10h da manhã às 10h da noite. O preço é de 38 RM (aprox. 8,20€) para adultos e 33 RM para crianças (aprox. 7,00€ dos 2 aos 12 anos). Podes comprar os bilhetes para o cruzeiro aqui.
Dutch Square, Tower Clock e Christ Church of Malaca
Também conhecida como “Praça Vermelha” a Dutch Square marca o centro histórico da cidade e é um ponto de paragem obrigatório para quem visitar Malaca. É aqui que se situam alguns das mais importantes construções utilizadas durante a época colonial:
- Torre do Relógio - Construída em 1886 em homenagem a Tan Beng Swee, um comerciante local que doou fundos para a construção de obras públicas;
- Christ Church - data de 1753 e é uma igreja protestante construída pelos holandeses;
- Stadthuys – edifício que serviu como sede administrativa durante o colonialismo holandês. Atualmente é o Museu de História e Etnografia de Malaca. É considerado o edifício colonial mais antigo do Sudeste Asiático;
- Fonte Rainha Vitória – fica mesmo junto à Torre do Relógio e foi construída em 1904 pelos britânicos, em homenagem à Rainha Vitória.
Igreja de São Francisco Xavier
Mais um ponto histórico dedicado à época colonial, a Igreja de São Francisco Xavier foi construída em 1856 por um padre francês chamado Reverendo Farvé. A sua arquitetura foi inspirada na Igreja de São Pedro em Montpelier, na França. A igreja é dedicada ao missionário católico São Francisco Xavier, que esteve em Malaca várias vezes entre 1545 e 1552. Infelizmente, quando estive em Malaca, a igreja estava em obras e, por isso, não consegui entrar. Espero que tenhas mais sorte do que eu!
Igreja de São Paulo e Fortaleza “A Famosa”
A igreja de São Paulo foi construída em 1521 pelo capitão português Duarte Coelho, em homenagem à Virgem Maria. Inicialmente foi apelidada de Igreja de Nossa Senhora do Monte, pela sua localização no topo da colina.
Em frente à igreja está uma estátua do missionário S. Francisco Xavier. Após a sua morte, o corpo do missionário ficou sepultado nesta igreja durante algum tempo, antes de ser transferido para Goa. Mas, antes de ser ir para a Índia, tiraram-lhe o braço direito e guardaram-lo como relíquia. Por isso é que na sua estátua falta-lhe precisamente o braço direito. Atualmente o corpo do missionário está sepultado na Igreja do Bom Jesus de Goa, o braço direito está na Igreja de Madre Deus em Macau e a estátua, essa, ficou em Malaca.
Na base da colina é também possível ver o que resta da Fortaleza “A Famosa”, uma das estruturas coloniais mais antigas de todo o Sudeste Asiático. Foi construída pelos portugueses no início do século XVI, a mando de Afonso de Albuquerque e é uma das atrações imprescindíveis para quem visitar Malaca.
Grande parte da fortaleza foi destruída durante a época colonial britânica, com exceção da “Porta de Santiago”, que é aquilo que ainda hoje está em pé. Foi o Sir Stamford Raffles, fundador de Singapura, que persuadiu as autoridades a não destruir esta parte da fortaleza, uma vez que lhe reconhecia o valor histórico.
Museu Samudera e Embarcação Flor do Mar
Outro ponto muito interessante para quem visitar Malaca é o Museu Samudera. Aqui relatam-se factos e histórias referentes às diversas épocas coloniais que a cidade de Malaca atravessou.
O museu encontra-se no interior de uma nau, que homenageia a famosa embarcação Flor do Mar. Esta nau portuguesa, construída em 1502, foi uma das maiores naus construídas na época, com capacidade para cerca de 400 toneladas. Foi nesta embarcação que Afonso de Albuquerque atracou em Malaca em 1511, pronto para conquistar a cidade. Diz-se que, após a batalha e com a vitória portuguesa, a nau ficou carregada de ouro, especiarias e pedras preciosas. Em direção a Goa, a embarcação sofreu uma enorme tempestade enquanto tentava atravessar o estreito de Malaca, o que levou ao seu naufrágio e à morte de milhares de marinheiros. O capitão Afonso de Albuquerque conseguiu escapar com vida e a nau Flor de Mar ficou para sempre submergida no mar de Sumatra. O naufrágio da For de Mar é considerado um dos maiores desastres marítimos da história portuguesa e ainda hoje muitos exploradores tentam encontrar o que resta do barco (e claro, do seu tesouro).
A entrada no Museu Samudera tem um custo de 10 RM para adultos e 5 RM para crianças (2,15€ e 1,10€, respetivamente). É um ponto interessante para quem visitar Malaca.
Bairro Português em Malaca
E, por fim, sugiro-te uma curta visita ao antigo bairro português de Malaca. Este bairro fica a 5 km a sul do centro histórico, por isso a melhor forma de lá chegar é de Grab. Não há muito que ver aqui, mas, enquanto portugueses, creio que é sempre especial encontrar um pouco do nosso país tão longe de casa. Junto à Portuguese Square, há vários restaurantes cujos donos são descendentes de portugueses e, por isso, têm nomes como Restaurante Lisboa ou Restaurante de Marisco Português.
Se tiveres sorte, é possível que encontres algumas pessoas que ainda falem português, como este senhor na foto acima. Gostei muito de visitar este bairro e recomendo uma passagem por aqui a quem visitar Malaca. Em particular gostei de ver o carinho com que estas pessoas preservam a cultura e a tradição de um país que não é o delas e que nunca chegaram sequer a pisar.
Onde ficar a dormir em Malaca
A cidade de Malaca está bem preparada para o turismo, por isso há uma grande opção de alojamentos. Eu fiquei hospedada no Rest Collection RedHouse Melaka e gostei bastante. A localização é excelente, uma vez que fica apenas a 150 metros da Dutch Square, no coração do centro histórico. O único ponto negativo é que não tinha pequeno-almoço (mas já te deixo uma sugestão para um PA mais em baixo).
Outra alternativa muito boa é o Jonke Red Heritage Hotel, fica mesmo ao lado do anterior e é muito similar em termos de condições.
Para a malta que está a viajar com um budget mais reduzido, recomendo o The Cardamom Hostel ou o Rucksack Inn Premium Melaka.
Onde comer em Malaca
Como em qualquer outra cidade malaia, não faltam boas opções para comer em Malaca. Para o pequeno-almoço recomendo-te o The Time Cafe Breakfast & Lunch, um café super fofo gerido por uma rapariga malaia chinesa muito simpática. Para almoçar e/ ou jantar recomendo-te o Vintage Green Café, que ao mesmo tempo é uma loja de antiguidades repleta de tesourinhos, ou então o Geographér Café, que também gostei muito. Enquanto estive em Malaca recomendaram-m também o Pak Putra Restaurant, mas infelizmente não tive tempo de experimentar. Caso visites Malaca durante o fim de semana, podes também experimentar o night markt que acontece na Jonker Sreet.
E pronto, é tudo! Espero que este artigo te seja útil e que tenhas uma boa viagem em Malaca. Caso tenhas alguma dúvida, deixa aqui em baixo nos comentários :)
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